quinta-feira, 16 de junho de 2011

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A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE ENGENHARIA AGRONÔMICA





O método expositivo, como ficou demonstrado na análise de dados, seja sob a forma de exposição oral ilustrada, seja sob a forma de exposição oral pura e simples, foi o predominante, tanto entre professores como para os alunos. Aliado à preferência absoluta pelo quadro negro, seguida pelo retroprojetor, o método expositivo está intimamente ligado à teoria da Escola Tradicional que dá ênfase à transmissão de conhecimentos, razão pela qual o professor é a figura central do processo ensino-aprendizagem. Sua didática baseia-se no empirismo e na imitação de modelos tradicionais deantigos mestres. Para muitos professores entrevistados, a "admiração pelo trabalho de um professor", foi o motivo forte que os levou a seguirem a carreira do magistério. GIL (1994) diz que a exposição, no sentido clássico, fundamenta-se na idéia de que é possível ensinar os outros por meio da explicação oral. Convencidos disto, os professores concentram todos os seus esforços no sentido de condensar seus conhecimentos e de expô-los de forma lógica e clara. E diz ainda que toda a iniciativa cabe ao professor, que decide acerca da ordem, do ritmo e da profundidade a ser dada ao ensino. Quanto ao aluno cabe ser dócil, atento e submisso à autoridade do professor. Assim, a exposição aparece como a estratégia que melhor caracteriza a educação 'bancária", de que fala Paulo Freire. Ainda, com relação ao método usado, ligado à teoria da Escola Tradicional, outros fatores afloram nos resultados referendando essa opção: a memorização, a pequena motivação dos alunos, demonstrada também pelas suas saídas durante a aula, a avaliação em grande parte feita apenas com perguntas (só um tipo de avaliação) e a pouca oportunidade de desenvolver a criatividade do aluno o professor compreenda a situação da sala de aula como a de um grupo de adultos que trabalha, do qual fazem parte ativa, integrante e indispensável, com funções, tarefas e experiências diferenciadas; o professor assumir-se como membro deste grupo junto com os demais para a consecução dos objetivos, numa posição de diálogo e troca, de segurança e de abertura às propostas e críticas dos alunos, incentivando a participação, preocupado com o aluno e seus interesses, e com coerência entre seu discurso e sua ação; o professor compreenda e assuma seu aluno como adulto e estabelece com ele um relacionamento de adulto para adulto e não mais de instrutor para jovem adolescente; por fim o professor assuma uma postura de orientador, de facilitador de aprendizagem, de educador em lugar de apenas transmissor de informações e poder criar o desequilíbrio necessário para se reformular o espaço de sala de aula: seu clima, seu dinamismo, sua transformação em um ambiente de vida, fecundo de aprendizagem e satisfação.


Algumas recomendações tornam- se oportunas no sentido de buscar a melhoria da atuação do professor de ciências agrárias na ESALQ, e, por extensão, nas demais Escolas, o que significa, a melhoria da qualidade de ensino. - Introdução, em todos os cursos de pós-graduação, da disciplina "Metodologia do Ensino Superior" ou "Didática", como obrigatória e oferecida no primeiro semestre do curso. Se um dos ideais da pós graduação é o aperfeiçoamento da função docente, se é exigido do professor, mestrado e doutorado para o ingresso e ascensão na carreira universitária, nada mais justo que, além da formação técnico-científica, se ofereça ao docente a formação pedagógica, mesmo que seja com apenas uma disciplina.








A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ENGENHARIA




No que diz respeito aos engenheiros-professores, acentua-se a necessidade de diferenciação entre os objetos de trabalho no campo da engenharia e no campo da docência. BAZZO (1998) afirma que o professor de engenharia procura ratificar dentro da sala de aula a missão de representar o profissional-engenheiro mesmo atuando no sistema de ensino e dessa forma “ eles agem tratando o sistema ensino-aprendizagem da mesma forma como as regras não escritas da profissão cobram dele o tratamento dos seus objetos técnicos de trabalho” (BAZZO, 1998: 110).


Na área específica das engenharias, a discussão sobre formação docente vem ganhando espaço no Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia, COBENGE, que é um fórum de reflexão sobre a educação em engenharia no Brasil, promovido anualmente pela ABENGE. Tem como objetivo apresentar o estado da arte do ensino de engenharia, assim como experiências bem-sucedidas realizadas nas instituições de ensino de Engenharia do País e do exterior, por meio de palestras, fóruns de discussões e apresentações de trabalhos técnicos e científicos, com temáticas variadas. A questão da formação do professor de engenharia, ou o engenheiro-professor, até então, aparece dispersa entre as diversas temáticas e o foco ainda prevalece sobre as diversas metodologias e técnicas de ensino disponibilizadas pela didática, deixando uma lacuna em termos de discussões mais amplas sobre a questão da docência que supere essa visão do professor como transmissor do conhecimento e mero aplicador de técnicas de ensino, ampliando a visão do professor de engenharia sobre o uso mais consciente e contextualizado das tão propaladas técnicas de ensinar.








ABENGE – Associação Brasileira de Ensino de Engenharia




Missão


Produzir mudanças necessárias para melhoria da qualidade do ensino de engenharia no Brasil, contribuindo decididamente para a formação de profissionais cada vez mais qualificados e capacitados que levem o desenvolvimento e tecnologia a todos os pontos do país pelos benefícios que a engenharia pode proporcionar a toda população.





ENGENHEIRO-PROFESSOR OU PROFESSOR-ENGENHEIRO: REFLEXÕES SOBRE A ARTE DO OFÍCIO








Em relação ao conjunto didático-pedagógico aplicado ao ensino de engenharia verifica-se que a questão remonta há algumas décadas. Comenta o periódico da CBAI (1964) em relação ao assunto: "não desmerecemos os méritos e as qualidades dos nossos atuais professores do ensino tecnológico, os quais prestam bons serviços ao longo dos anos, mas poucos procuram aperfeiçoar seus conhecimentos e seus métodos de ensino, procurando somente acompanhar o desenvolvimento tecnológico da nossa era." É fato que a capacitação didática dos professores não acompanhou a corrida do conhecimento científico e tecnológico. O reforço dessa constatação é representado pela desvalorização da Pedagogia pelos professores nos cursos de engenharia, menosprezando seu valor de contribuição para a transmissão do conhecimento. Entregar a educação a um dom natural dos homens é uma imprudência, pois mesmo os que consideram a educação uma arte devem reconhecer que os artistas têm um tempo de treino e amadurecimento. A quem compete a real atribuição de pesquisar uma pedagogia para o ensino de engenharia? A pergunta é, de certa forma, retórica. Em primeiro lugar, cabe a quem se dedica à arte-ciência da educação - os pedagogos de profissão. Deve-se, também, estudar a educação nas próprias faculdades de engenharia, retirando delas os conceitos gerais que possam ser reaplicados, descobrindo as leis de comportamento humano dentro do processo ensinoaprendizagem. Necessita-se, também, estudar o ensino de engenharia na sua forma de arte, pois este possui peculiaridades e o estudo da arte revelará novas formas de abordagem e novos conceitos. Em segundo lugar, às Universidades que, com toda a sua potencialidade, devem se tornar pólos irradiadores de ações e reações sobre a educação na engenharia. Esse processo deve ter um crescimento junto ao corpo de professores que atuam nas salas dos cursos de engenharia. Uma discussão que transcenda a classe dos engenheiros deve começar a ser suplantada pela integração de todos os profissionais que se engajam nessa área. PETEROSSI (1994) explicita o pouco desenvolvimento na área ao afirmar que "de forma geral pude constatar que muito pouco se pesquisou esse tipo de ensino e seu professor”.





O maior problema, porém, é a mesmice didática: a aula “expositiva dialogada”. "Expositiva" corresponde a um longo discurso do professor e “dialogada” se traduz em poucas quebras do discurso por parte dos alunos. Uma fuga psicológica do enfadonho. PETEROSSI (1994) cita: "suas aulas são monólogos diante do quadro negro, invariavelmente cheio de informações valiosas, porém, didaticamente mal traduzidas". O que ocorre, é a repetição de modelos impregnados na lembrança de alunos que se tornam professores, geração após geração.







De uma forma destacada, tratando-se do ensino de engenharia, deve-se procurar as características que ligam os engenheiros-professores às técnicas de ensino, à didática e a uma pedagogia para a engenharia. Isto exige uma incessante pesquisa para que a epistemologia da engenharia seja divulgada e discutida. Por falta desses conceitos muitos engenheiros professores ficam limitados ao repasse de informações estanques e sedimentadas, esquecendo que há uma construção do conhecimento necessário à consolidação intelectual e reflexiva dos engenheiros.






REPRESENTAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS DOCENTES E DA DOCÊNCIA BEM AVALIADA PELOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR.





Um total de 58% dos alunos que responderam os questionários representou questões referentes à didática/metodologia de ensino como razões da escolha do professor. Quando o motivo da escolha está relacionado a questões de formas e estratégias adotadas pelos professores em sala de aula os alunos utilizam várias expressões: expõe com clareza suas idéias e o conteúdo da disciplina; aulas teóricas interessantes e esclarecedoras; sabe passar os conteúdos de um modo divertido e ao mesmo tempo sério; aulas dinâmicas e de fácil compreensão; faz freqüentes comparações e exemplificações com casos reais, unindo teoria e prática, entre outras. Esta variedade de expressões demonstra a abrangência dos aspectos metodológicos e o valor atribuído a eles quando o aluno avalia o professor, pois, afinal, a didática e a metodologia utilizada pelo professor faz a mediação entre o conhecimento e a apropriação deste por parte dos alunos. Ficou evidente nos depoimentos dos três grupos focais que há uma convergência na representação da “boa didática” que os leva a avaliar positivamente um docente. O entendimento de que o professor que tem boa didática é aquele que é capaz de relacionar a teoria com fatos concretos do campo profissional ficou evidente em todos os depoimentos dos acadêmicos tornando-se consenso nos três grupos.





Parece que, para os alunos, não é problema o fato de a aula ser do tipo expositiva, pois o problema não está nela, mas sim no conteúdo que ela comunica. A aula expositiva é valorizada e considerada referência para os alunos desde que o professor consiga estabelecer a tão almejada relação teoria e prática, desde que os envolva e os ajude a compreender o conteúdo.





Isso lembra Freire (1987) quando afirmou que a aula expositiva não é necessariamente tradicional, não é por si só pura transmissão de conteúdo. O professor deve ter a capacidade de fazer a aula ser tão interessante que os alunos participem dela com o olhar, com o corpo inteiro, e que estejam tão atentos como se estivessem ouvindo uma bela canção.







A relação teoria e prática vem alicerçada sob a representação de que o professor que consegue realiza-la tem uma “boa didática”, muitas vezes expressada e apresentada pelos alunos como a capacidade de o professor trazer fatos concretos do campo profissional para serem pensados e resolvidos na sala de aula. Nesse sentido, a capacidade didática e o domínio de conteúdo estão ligados diretamente à percepção dos alunos de que o professor que tem contato com a realidade do campo profissional tem condições de melhor apresentar e socializar o conteúdo de sua disciplina, e o faz, de forma mais dinâmica, mais próxima do que acontece na realidade, tornando-o mais fácil de ser compreendido por eles.






O “BOM PROFESSOR” DE ENGENHARIA - A PERCEPÇÃO DE ALUNOS E EX-ALUNOS




De acordo com Abreu e Masetto (1997), se procurarmos a definição de “ensinar”, encontraremos verbos como: instruir, fazer saber, mostrar, orientar, que apontam para o professor como agente principal e responsável pelo ensino e esta abordagem centraliza-se no professor, nas suas qualidades e habilidades. Essa definição passa a idéia de ensino como transferência de conhecimento do professor para o aluno. Fazendo uma relação com os paradigmas da educação, esta prática está mais próxima do que é definido como paradigma conservador, que tem sua base fundamentada no pensamento newtoniano-cartesiano que visa à reprodução do conhecimento a partir de um ensino fragmentado e conservador.


Para Freire (1996), o futuro professor, já no inicio de sua experiência e formação, deve ter a consciência de que ensinar não é transferir conhecimento, mas possibilitar aos seus alunos produzirem e construírem seu próprio conhecimento.


Lima (2006) afirma que é comum encontrarem-se professores de graduação que não tiveram nenhuma formação pedagógica, os quais em seus cursos de mestrado e / ou doutorado tiveram somente contato com os conteúdos de suas áreas especificas de estudo. No entanto, esses professores estão em sala de aula e alguns seguem com sucesso na docência, tendo, como modelo de conduta, os professores que tiveram ao longo de suas vidas acadêmicas.


2 comentários:

  1. Boa noite, pessoal!
    Bem legal o Blog de vocês.
    Aproveito a oportunidade e convido a todos a acessarem também o nosso:
    http://eadgraduacao.blogspot.com/
    Beijos,
    Christine Hörbe

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  2. Legal essa revisão, sigam em frente, minha sugestão é talvez organizarem por conceitos ou tópicos que fique assim mais fácil de navegar no blog.. abs, Maro

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